Segundo Karl Bienek, que há anos se ocupa com a história da lâmpada incandescente e da energia elétrica, uma das sensações da 1ª Feira de Eletricidade de Paris foi o estande em que as pessoas podiam ligar e desligar uma lâmpada. Tratava-se de uma fascinante novidade na época. "A feira de 1881 foi decisiva para a introdução da luz e de outras formas de uso da eletricidade", diz.
Hoje é quase inimaginável que alguém possa viver sem energia elétrica. Em 1881, isso era bem diferente. A energia elétrica era praticamente inexistente, uma realidade que mudou depois da feira de Paris. As lâmpadas de Edison foram apenas o começo. O inventor norte-americano, porém, deixou claro aos europeus que a nova luz significava o início de uma nova era.
De Goebel a Edison
No entanto, o inventor da lâmpada incandescente não foi Thomas Alva Edison (1847-1931) – como se acredita – e sim o mecânico alemão Johann Heinrich Goebel (1818–1893). Emigrado para os Estados Unidos em 1848, ele usou em 1854 as fibras de bambu de sua bengala como filamento.
Ligadas nas extremidades por meio de arames de aço, elas se transformavam em condutores de energia elétrica. Em ampolas de vidro transparente, as fibras de bambu chegavam a permanecer acesas por até 200 horas. Goebel logo usou o invento para iluminar sua joalheria em Nova York.
Segundo Karl Bienek, Goebel estava à frente de seu tempo. Ao tentar iniciar a industrialização e a produção em série, não encontrou financiador. Na época, simplesmente não existia demanda por lâmpadas incandescentes.
Faltava também a infra-estrutura tecnológica – como, por exemplo, usinas de eletricidade – para manter a luz em funcionamento. Existiam apenas células galvânicas, que eram muito caras e não tinham a potência para iluminar uma rede de lâmpadas incandescentes.
O mérito de Edison foi transformar a lâmpada incandescente num produto de consumo, o que viabilizou sua produção em série. Ele começou também a desenvolver a tecnologia necessária para o emprego do invento. São dele, por exemplo, as idéias básicas e a construção de um sistema de iluminação elétrica, com motor a dínamo, distribuidor, linhas de distribuição, registrador de consumo, fusíveis, material isolante, interruptores e bocais.
O longo caminho para a comercialização
Apesar de ter sido muito admirada na feira de Paris, a eletricidade ainda demorou a se impor na Europa. Os alemães, por exemplo, continuaram usando lamparinas de petróleo, velas de cera e lampiões a gás para a iluminação em geral.
Somente no início do século 20, a Alemanha percebeu que era possível ganhar dinheiro com a nova tecnologia. Foi aí que Auer von Welsbach revolucionou a lâmpada de Edison, com a introdução do filamento incandescente de metal.
A lâmpada ósmico-wolfrâmica, conhecida pela abreviação Osram, abriu o caminho para o lançamento, em 1912, de lâmpadas com filamento totalmente à base de tungstênio no mercado alemão. A tecnologia básica da lâmpada incandescente, portanto, foi desenvolvida de 1854 a 1912. E, com ela, a eletricidade conquistou as casas e as ruas da Alemanha e da Europa.